
CIDADEL
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Bem-vindo
Acreditamos que as cidades são uma extensão dos lares e por isso, a conexão de uma pessoa com o seu lar deve ir muito além de quatro paredes. A conexão deve estar nos bairros, nas ruas, cores, prédios e até mesmo sabores.
Muitas cidades do Brasil são responsáveis pela cultura do nosso país. Seja no sertão, na capital, no litoral ou carga da imigração cada cidade e bairro guarda um pedacinho da história brasileira. Em cada canto um conto.
Vamos “turistar” pelas ruas e cidades brasileiras e conhecer um pouco mais da história do nosso país. Vamos juntos conhecer fatores históricos importantes para a formação e gestão de nossas cidades maravilhosas.
Em Cidadela, você encontrará temas como migrações, mobilidade e turismo. Aproveite essa volta pelo Brasil sem sair do lugar.
Pode entrar, não precisa tirar o sapato não.

Processos migratórios
Ana Tália Coelho
Houve uma época no Brasil em que as pessoas buscando melhores condições de vida e financeira mudavam de determinada região do Brasil para outras, principalmente de nordestinos indo para o Sul e Sudeste do país.
Segundo a Geógrafa Karla Gouveia, atualmente, as migrações acontecem dentro das regiões. “A maior migração que existe hoje é de pessoas que moram na zona rural e mudam-se para a zona urbana. Sendo um fenômeno que acontece em vários estados”, explica Karla.
No ponto de vista do historiador Fábio Darius, em outros países do mundo é mais comum a população se deslocar interna e externamente devido a fatores como a desertificação e as guerras. Mas, no Brasil, tal ocorrência se dá por questões econômicas e oportunidades de emprego.
Para o pesquisar os processos migratórios brasileiros deram origem à diversidade étnica e cultura na sociedade. “Historicamente, a colonização ibérica de portugueses e espanhóis e, posteriormente, no século XIX, de japoneses, alemães e italianos beneficiou a construção da nossa nação. O Brasil se tornou um país mais vibrante, colorido e miscigenado”, explica Darius.
De uma forma geral, para o professor, existem muitos benefícios nessa formação multicultural da sociedade brasileira. Entretanto, essa multiculturalidade, encontra resistência em alguns grupos específicos que não aceitam tal diversidade e, então, surgem os confrontos sociais.
Da perspectiva de Karla Gouveia, o êxodo rural proporciona o aumento no nível de escolaridade das pessoas. “Geralmente, as pessoas que saem da zona rural e têm uma baixa escolaridade, desejam para seus filhos uma educação melhor. Diferente do que eles viveram”. Por outro lado, as cidades ficam cada vez mais populosas e os problemas estruturais se avolumam, como desemprego e falta de moradia digna.
Como vimos, nossa sociedade surgiu a partir de trocas de culturais por meio das interações sociais produzidas pelo deslocamento de povos internos e externos em nosso território.
Mobilidade Urbana Sustentável
Hoje, já é mais comum ouvir sobre mobilidade urbana sustentável. Afim de preservar o meio ambiente e promover a organização nos municípios, a mobilidade urbana oferece métodos seguros e sustentáveis para a população.
Mobilize
Vem conhecer

Mobilize Brasil é o primeiro portal brasileiro de conteúdo exclusivo sobre Mobilidade Urbana Sustentável.
Você conhece a Mobilize Brasil?
Amanda Ferelli
Mobilize Brasil é o primeiro portal brasileiro que trata sobre Mobilidade Urbana Sustentável. O portal divulga diversos gráficos, artigos científicos e noticias sobre o tema. Afim de, promover a conscientização da população brasileira. Vem com a gente conhecer um pouco mais sobre o portal nesse bate-papo com Marcos de Sousa, assessor da Mobilize Brasil.
Cidadela: Como surgiu a Mobilize Brasil?
Mobilize Brasil: A Mobilize surgiu em 2011, a partir de uma iniciativa de um rapaz que se chama Luís Henrique da Cruz Ribeiro. O Luís Henrique, tem esclerose lateral amiotrófica e que vem lutando contra essa doença desde 2008. Ele era um cara super ativo, praticava esporte, andava de bicicleta e ele gostava muito da ideia de Mobilidade Urbana Sustentável. Depois que ele ficou doente, em um certo momento ele resolveu criar um portal que reunisse toda informação disponível no Brasil e no mundo sobre Mobilidade Urbana Sustentável. O portal nasceu oficialmente em setembro de 2011. Ele [o portal] nasceu com um estudo comparativo que fizemos sobre Mobilidade Urbana e Sustentável em 13 cidades brasileiras. Foram nas 12 cidades sedes da Copa do Mundo de 2014 e Goiânia. Foi o primeiro estudo desse tipo feito no Brasil. Até então, mobilidade sustentável não era conhecida.
Cidadela: Mobilidade Urbana ainda é um desafio no Brasil?
MB: Mobilidade Urbana é um desafio para todas as cidades. Não somente no Brasil, mas em todas as cidades do mundo. Sabe-se hoje que as populações dos países estão migrando gradativamente para os centros das cidades. No Brasil, já se tem tem aí dados que 85% da população brasileira vivem em cidades. Ou seja, são cerca de 175 milhões de brasileiros que hoje habitam espaços urbanizados. Esses espaços correspondem a 22 mil quilômetros quadrados. Mais ou menos a área do estado de Sergipe. Então, essa reunião de gente em um único espaço permite melhoria de condição de vida e geração de riqueza maior, mas lança desafios maiores em saneamento básico, segurança, educação e também em mobilidade. Então, hoje resolver o problema do país significa resolver os problemas das cidades.
Cidadela: O que impede a progressão da Mobilidade Urbana Sustentável?
MB: O uso do automóvel é o grande problema. Nós ficamos praticamente o século XX inteiro estimulando as pessoas a usarem automóveis. Se você pensar que cada automóvel no Brasil tem ocupado mais ou menos 1.3 pessoas, ou seja, cada automóvel leva uma pessoa em geral. Isso acaba gerando um impacto negativo muito grande, com ocupação dos espaços nas ruas, nos estacionamentos. A geração de poluição atmosférica e de ruído e de muitos acidentes de trânsito. Então, o uso do automóvel gera um impacto enorme na economia da sociedade brasileira, em gastos de saúde, infraestrutura. Enfim, que poderiam ser racionalizados se as pessoas utilizassem mais transportes públicos, bicicletas e andassem mais.
Para você aproveitar ao máximo a próxima viagem, separamos algumas músicas para você ouvir. Ah, e se curtir a playlist não esqueça de visitar a nossa sessão Aquarela. Lá você poderá descobrir diferentes estilos da música brasileira.








Já escolheu para onde vai?
Amanda Ferelli e Ana Tália Coelho
Somos um país diverso culturalmente, extenso em território e um dos lugares com maior potencial turístico no mundo. Nossa pluralidade de culturas, nosso clima tropical e a presença de uma infraestrutura compatível com a prática de diferentes atividades turísticas são fatores determinantes para o nosso crescimento econômico e cultural quando falamos em turismo.
Consegue imaginar quantos tipos de turismo o Brasil pode oferecer? Na nossa terrinha, você pode encontrar desde gêneros de turismo mais comuns até os mais exóticos. Você já deve ter ouvido falar dos mais usuais como o turismo de aventura, para aqueles que estão em busca da adrenalina, e o ecológico, ou também conhecido como ecoturismo no qual as pessoas buscam apreciar e preservar a natureza.
Já os tipos não tão comuns assim você pode não ter ouvido falar, como o cemiterial ou necroturismo, esse turismo é para quem tem o interesse em conhecer cemitérios do país e obras de arte que retratam a morte. Bem diferente, certo? Mas não deixa de ser um meio de conhecer a história de alguns municípios brasileiros. Tem também o turismo esotérico ou místico, esse turismo é motivado por pessoas que buscam paz ou preferem visitar locais de maior espiritualidade.
Vem conhecer com a gente um pouco mais sobre alguns dos diferentes tipos de turismo que conseguimos encontrar na nossa Pátria Amada. Como diria o nosso jeitinho, cola com a gente!
Preparamos algumas perguntas para testar seu conhecimento sobre o turismo brasileiro.
Confira logo abaixo.

Não existe amor em SP? Há quem diga o contrário. Quer conhecer um pouco mais sobre a terra da garoa? Visite São Paulo sem sair do lugar através do nosso podcast. Mas, corre para não pegar trânsito.
Você já ouviu falar do turismo na favela? Essa é uma categoria muito conhecida do turismo brasileiro pelos estrangeiros. Nos últimos anos algumas polémicas foram levantadas sobre o tema. Afinal, é certo ou errado?
Turismo na favela: os dois lados da moeda
Amanda Ferelli e Ana Tália Coelho
Em 1989, o então presidente da associação de moradores da Rocinha, Ailton Macarrão, observando a presença de alguns turistas na comunidade enxergou naquele episódio uma oportunidade de fazer a economia do lugar crescer com a atividade turística. “Ele viu isso como uma boa oportunidade, tanto para os negócios quanto para melhoria da comunidade. Porque como ele observou, eram pessoas de fora visitando a comunidade”, comenta Gilmar Lopes, gerente da Agência Original Tour, uma das pioneiras no ramo de turismo na favela.
A Rocinha é a maior favela do Brasil e está situada na região sul do Rio de Janeiro; possui cerca de 100 mil habitantes. Ultimamente, a comunidade é alvo de operações militares no combate ao tráfico de drogas e a violência que assombra, diariamente, a rotina das pessoas que moram ali.
Uma dessas pessoas é Sara Martins, 29, é estudante de marketing e mora nos entornos da favela da Rocinha. O turismo na favela, uma atividade comum, presente no cotidiano das famílias que moram nas comunidades periféricas da zona sul, como a Rocinha, para ela é sinônimo de preocupação. “Já falei isso para outras pessoas que pensam assim. É que não sei qual o critério que as agências usam para levar as pessoas de outra cultura que não conhecem nada aqui para conhecer uma área de risco”, afirma.
Eduardo Oliveira, sócio do Varandas do Vidigal, um hostelpara hospedagem de turistas que visitam a comunidade, defende a atividade turística como responsável pela melhoria econômica da região. “O turismo na favela é sensacional! É uma experiência única. É muito positiva, pois acelera a nossa economia e gera empregos para a comunidade”, explica.
Nos últimos anos, empresas do ramo de hospedagem, como o Varandas do Vidigal, bares e restaurantes surgiram nas comunidades cariocas para melhor atender aos turistas brasileiros e estrangeiros, impulsionando a economia nesses locais. A jornalista Anne Seixas, 26, que nasceu no bairro da Tijuca, acredita que o turismo na favela apesar de ser importante para a economia das comunidades, esconde a verdadeira face da sociedade carioca. “De certa forma, este turismo, estimula a economia na favela. Muitos bares, hotéis e restaurantes foram criados para atender o público. No entanto, isso apenas maquia a realidade da pobreza e violência comum nesses lugares”, explica.
Por falar em violência, as discussões em torno da segurança dessa atividade põem em xeque a prática dela. Em 2017, durante os Jogos Olímpicos, uma turista espanhola morreu no momento em que fazia um passeio turístico na favela da Rocinha. Depois deste episódio, o turismo na favela perdeu 75% de sua clientela, segundo reportagem da Revista Isto É. Mas, para Eduardo, o que aconteceu na Rocinha não afetou o turismo no Vidigal. “A violência é a mesma na cidade e na comunidade. O Vidigal é mais que uma favela; temos o Morro dos Dois Irmãos, um Parque Ecológico que ganhou um prêmio internacional e uma cultura de arte sensacional”, esclarece.
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Os meses mais procurados pelos turistas para os passeios na comunidade são dezembro e fevereiro, segundo Carol Silva, proprietária do Hostelzinho Vidigal. “Nós recebemos gente o ano todo, mas no verão se intensificam. Os turistas vêm de toda parte e nós temos mais hóspedes brasileiros do que estrangeiros, principalmente, dos nossos estados vizinhos São Paulo e Minas Gerais”, explica. O empreendimento, além da hospedagem, oferece aos visitantes serviços de traslado e guias contratados para acompanhar os turistas a passeios nos principais pontos turísticos na comunidade, como o Morro Dois Irmãos.
Nem sempre a procura pelos pontos turísticos nas comunidades do Rio, se limitam apenas aos passeios. O gerente da Agência Nacional Tour relatou que muitos dos visitantes do Morro da Rocinha acabam voltando para prestar serviços voluntários na favela. “Temos relatos de outros guias turísticos que participam de projetos sociais que dizem que alguns turistas vêm para cá para ficar um tempo a mais, um mês, dois meses ou mais. Eles [os turistas] acabam conseguindo parcerias para se voluntariar dando aulas de inglês em ONGs dentro da comunidade. Ou até mesmo doações financeiras para materiais de lutas como muay thaie jiu jitsu”, comenta Lopes.
Para Talíria Petrone, professora de História e deputada federal eleita pelo PSOL-RJ, a avaliação sobre o turismo pode mais complexa do que se imagina. “O moto táxi vai ganhar mais passageiro, a tia que servia quentinha vai ter como ampliar o negócio, vai ter um guia que vai levar a galera para ver a vista. Desse ponto de vista parece um bom reconhecimento. Mas do outro, o que vemos é uma especulação imobiliária avançar para casas na favela que privilegiam uma vista ou espaço ”, explica a deputada.
Talíria destaca, ainda, a importância de se redescobrir uma nova forma de turismo na favela, como a iniciativa realizada pelo Museu da Maré do Rio. Um espaço que é um galpão, com atividades, exposições dos próprios moradores e um museu que guarda a memória afetiva da favela. “Todo mundo deveria ir no Museu da Maré como turismo, por exemplo. É um espaço cultural e educativo que reintegra a cidade-favela. Um museu que apesar da “tendência favela hype” sofreu muito com avisos de remoção pelo governo”, avalia.
Em 2006, o ex-prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, sancionou a lei que inclui a favela da Rocinha no roteiro turístico da Secretaria Estadual de Turismo. No ano passado, o atual prefeito da capital carioca defendeu o turismo na favela desde que exista segurança para o turistas.
Para os moradores, o turismo é benéfico. Traz visibilidade para seus produtos comerciais e artísticos. Os turistas que visitam os locais, conseguem viver experiências únicas, a partir da observação do cotidiano de uma comunidade que se assemelha em quase nada do que eles já viram ou viveram nos países de origem. Se há um questionamento de que é errado se aventurar por lugares tão perigosos para observar o modo viver dessas pessoas, por que não é errado essas pessoas viverem sob o jugo da violência?