
Construindo
Desde 1500, é possível entrar no Brasil e construir uma nova identidade. Por isso, entre, recorde e conheça suas origens!
Nossa Diversidade
Da Itália ao Brasil
Michael Harteman
Nos séculos XIX e XX, a Região Norte recebeu um número considerável de imigrantes europeus. Boa parte dessas pessoas chegaram naquela parte do Brasil fugindo das guerras que maltratavam o velho continente. Há registros também de imigrantes em séculos anteriores. Esses trouxeram bastante conhecimento e deram uma importante contribuição para a infraestrutura presente nesta região.
Há, especificamente, um povo que contribuiu bastante com os imigrantes no Norte: os italianos. Tendo em vista o grande número de nascidos naquele país que chegou até esse pedaço do nosso mapa, sobretudo na Amazônia, a Universidade Federal do Pará fez uma série de textos sobre a imigração italiana naquele estado. Em uma das publicações, vemos que imigrantes italianos começaram a chegar no Brasil no século XIX, mas essa tendência se intensificou mesmo no século seguinte.
Na publicação é relatado um estudo feito pela socióloga Marília Emmi, em que ela mostra onde ocorreu a maior concentração de imigrantes italianos. “...foram aportados dois seguimentos de italianos que aportaram no Pará, um foi composto pela imigração dirigido pelas colônias agrícolas, situado ao longo das estradas de ferro Belém Bragança, e o outro seguimento, mais numeroso, era constituído por uma imigração espontânea, que se dirigiu a Belém e a cidades como Santarém, Óbidos, Juriti, Faro, Alenquer, Monte Alegre, entre outras”, mostra em um trecho do artigo.
Outro trecho do artigo mostra como os italianos trouxeram novos hábitos e também investimentos para o Norte. “Hábitos de poupança e produtividade concorreram para o êxito dos imigrantes e para a sua integração na sociedade local”, finaliza a socióloga Maríia Emmi.
Um caso ideológico
Uns vieram por uma oportunidade de investimento. Outros, fugindo das grandes guerras que assolaram a Itália. No entanto, histórias não podem ser jogadas sob uma única perspectiva. Há evidentemente outras razões que trouxeram imigrantes para o Norte. Aldo Bechis é um claro exemplo disso. O simpático senhor sempre foi alguém que pensou no próximo. Sempre olhou com carinho para as necessidades dos povos. Foi em 1973 que ele, ao ler uma revista, encontrou uma publicação falando sobre um trabalho social na região norte do Brasil.
Poderia ter sido só uma leitura. Não foi. A publicação queimou no coração de Aldo como um chamado. “Eu nem sabia que existia essa cidade, mas me empolguem com a ideia”, relembra Aldo. Não demorou para que o senhor, na época com 23 anos, mandasse uma carta para a Escola Salesiano do Trabalho, instituição que desenvolvia um projeto voltado para atender crianças de rua em Belém do Pará. “Vem que estamos precisando, eles me responderam”, rememora.
Para realizar o que estava em seu coração, Aldo teve que se adaptar. “A adaptação foi difícil, aqui estamos na linha equatorial, um calor desgraçado, comida diferente, mas a gente se adapta. No começo é uma luta, muito calor. A língua com dois ou três meses a gente aprendeu, a gente se esforçava bastante para falar português”, conta Aldo. Dedicação não faltou a nobre causa, o jovem Italiano atuava na parte gráfica do projeto, além de atuar também como professor.
Ao comparar o modelo de ajuda de quando chegou por aqui com os tempos atuais, Aldo faz uma crítica. “. Antigamente colocavam essa turma para aprender uma profissão, hoje se dá dinheiro. Antigamente a resposta era muito mais válida ao problema do menor infrator”, ressalta o italiano. A crítica vem de alguém que não nasceu no Brasil, mas que já é um brasileiro de coração, de alguém que se importa com as dificuldades do país.
Saindo do Oiapoque, e indo diretamente ao Chuí, veja agora a história de uma das mais fortes imigrações no Brasil!
A imigração Alemã no Brasil
Jota Terres
Se existe uma palavra para descrever o Brasil, certamente é "miscigenação". Vamos, agora, do Continente Europeu para o Continente Africano, descobrir as raízes de nossa Pátria Amada!
As lutas nos fizeram mais fortes
Evelina Abdyl
A imigração africana é considerada uma das mais antigas no Brasil. Os nativos foram trazidos e obrigados a ser escravizados no território brasileiro, isso porque a necessidade de mão de obra era muito grande. O transporte com os navios negreiros era feito em condições cruéis e alguns não conseguiam sobreviver. Segundo uma pesquisa feita pelo Banco de Dados do Tráfico Transatlântico de Escravos, foram quase 5.5 milhões de escravos que embarcaram na direção do Brasil, mas devido as condições difíceis de viagem, somente quase 4,5 milhões de escravos conseguiram desembarcar. Viajando na direção da região Nordeste do Brasil, quando desembarcavam eram vendidos e se dirigiam aos seus destinos.
Inicialmente, eles começaram a trabalhar no cultivo de cana de açúcar e tinham que estar à disposição a qualquer ordem do seu proprietário. “Não se pode explicá-lo sem falar dos interesses que sustentaram esse comércio de gente, que enriqueceu algumas pessoas e destruiu muitas outras. Mas, além da crueldade do sistema e de sua altíssima lucratividade, promoveu contato entre outros povos e continentes.”, observa Mônica Lima, doutora em História Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
Os escravos eram caracterizados por suas muitas diferenças dos povos que os traziam. Eram dotados de habilidades únicas. Com a força de trabalho, a inteligência e as inúmeras técnicas que dominavam, contribuíram muito no desenvolvimento da economia e cultura da nossa Pátria. Foram uma fonte de conhecimento para os nordestinos, não somente na agricultura, mas em outras áreas também. Com muita dificuldade e muitos anos de espera, alguns conseguiam a Carta de Alforria. Conquistavam a liberdade, eram cheios de expectativas e sonhos para um futuro melhor, mas logo ao sair dos muros das fazendas onde viviam em escravidão, se decepcionavam. Era uma conquista que não os dava muitos benefícios na “nova“ vida, se enfrentando assim, com o preconceito e discriminação das pessoas brancas.
Alguns pensavam que o fim da escravidão era somente uma questão de tempo, e sofrendo esperavam. Um período de tempo que durou por quase quatrocentos anos. A escravidão deixou a sua marca. Isso se percebe no nosso tempo atual. Os negros vivem em condições inferiores comparados com os outros imigrantes que vieram ao Brasil. De acordo de uma pesquisa feita pelo Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil, atualmente, o nosso país contém a segunda maior população afrodescendente do mundo, deixando-o atrás apenas da Nigéria, na África, dado que deve servir de orgulho e patriotismo a todos da Pátria Amada. Simboliza nosso começo, nossos primórdios, nossos pais. O sangue africano também corre em nossas veias!
Anos depois da colonização na Região Nordeste, imigrantes que deixavam para traz um passado de guerras, desembarcaram e colonizaram uma pequena cidade do Estado de São Paulo.
Atrás as guerras, à frente, as flores
Ana Caroline Gonçalves
E, não! Nós não esquecemos da amada Região Centro-Oeste, que é sinônimo de orgulho, por abrigar o nosso Distrito Federal!
Abriguei a capital do meu Brasil!
Laura Cachaneski
Na Região Centro-Oeste brasileira, encontramos uma grande diversidade. Há presença muito forte de indígenas, imigrantes europeus e também bolivianos e paraguaios, dos países vizinhos. A região também é muito rica, nela encontramos o cerrado, o pantanal e a floresta amazônica, que são considerados patrimônios do nosso país.
Até a década de 1970, o processo de imigração interna no território brasileiro, tinha como principais destinos a Região Sul e principalmente a Região Sudeste, pelo fato delas terem melhores oportunidades. Porém, com a saturação do mercado de trabalho no Sudeste, houve uma diversidade nos fluxos de imigração no território brasileiro. A expansão da área agrícola e os investimentos de infraestrutura proporcionou o fortalecimento e ampliou a imigração para a Região Centro-Oeste.
Nas últimas décadas, a Região sofreu transformações com impactos consideráveis na estrutura produtiva e ocupacional. Os incentivos na década de 70 para a ocupação do Centro-Oeste refletiram em significativos movimentos migratórios para todo o país. Outro fator que intensificou a imigração para o Centro-Oeste, foi a construção de Brasília, a capital do Brasil; que também foi um tipo de política pública para a ocupação dessa região do território brasileiro.
Nas décadas de 60 e 70, o Distrito Federal cresceu quase o dobro em população. Até hoje, a Região recebe imigrantes de todas as áreas, com destaque para os baianos, paraguaios, chilenos, bolivianos, paulistas e mineiros no Distrito Federal, e os sulistas no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Para José da Cunha, Professor, Coordenador e Pesquisador do Núcleo de Estudos de População na Universidade Estadual de Campinas - Unicamp, a década de 70 foi fundamental para compreender a estrutura produtiva e a urbanização do Centro-Oeste. A Região foi amplamente beneficiada pela “marcha modernizadora do Oeste”, que provocou um intenso direcionamento dos fluxos migratórios para as áreas mais promissoras.
Rosana Baeninger, Professora do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas e Pesquisadora do Núcleo de Estudos de População da Unicamp, destaca que, “com dois importantes núcleos metropolitanos, com mais de um milhão de habitantes (Brasília com 2.051.146 habitantes e Goiânia com 1.093.007), a região Centro-Oeste apresenta uma enorme diversidade regional”. O Distrito Federal destaca-se pela concentração populacional e pela inserção ocupacional diferenciada na Região que fortalece essa centralidade no sistema urbano do Centro-Oeste. Isso contribui para o direcionamento de fluxos migratórios interestaduais, principalmente do Nordeste, consolidando tendência dos anos 80, na qual o Distrito Federal e Goiás passaram a dividir com São Paulo esses imigrantes.
De Norte a Sul do país, todos temos algo em comum: ao construir a nossa identidade, recebemos influências externas de diferentes povos. Não importa se você fala "oxente", "mano", "égua", "de rocha" ou "guri", todo lugar da Pátria Amada, sem exceção, possui uma história digna de ser sempre lembrada, assim como a nossa linguagem!
Meu português brasileiro
Ana Caroline Gonçalves, Evelina Abdyl, Jota Terres, Laura Cachaneski e Michael Harteman
“...nasce a primeira base heterogênea na nossa língua, que é exatamente a junção da língua nativa, com a língua portuguesa e também com o dialeto africano”

Nossos colonizadores nos trouxeram uma semente da qual jamais deixamos de colher os frutos. A língua portuguesa chegou, através dos séculos, em todos os cantos desse país continental. Ganhou cores e formas diferentes. Frutificou em solo seco e também no encharcado. Aos poucos, o sabor do idioma foi deixando de ser frio, europeu. Foi ganhando nossas características, nossa cara.
Tantas caras, tantos jeitos, tantos sotaques. De norte ao sul, de leste ao oeste, da macaxeira ao aipim, a língua portuguesa ficou brasileira. Edley Matos, mestre em literatura aplicada pela Unicamp, é um apaixonado pela língua portuguesa. As diversas maneiras em que os brasileiros utilizam a língua, com seus mais variados sotaques, é objeto de estudo desse professor.
O professor ensina que a língua como a conhecemos hoje, diferente da que ouvimos da boca dos portugueses, é o resultado de uma mescla única. “Os portugueses chegam ao Brasil e encontram índios, o povo nativo. A história registra a primeira fusão linguística. Por mais que os portugueses tenham tentado impor a língua lusitana, por outro lado pessoas em defesa dos índios tentaram impor a língua nativa como língua oficial, não há como negar que ouve então uma fusão dessa língua”, pontua o professor.
Mas não é só desses ingredientes que o nosso idioma se formou. O Brasil, em determinado momento, começa a receber em seu solo escravos vindos da África. Os negros desvalorizados traziam consigo muita riqueza cultural em seu sangue. “Eles traziam seus diversos dialetos e isso certamente contribuiu também com a formatação de nossa língua”, explica Edley, e acrescenta: “nasce a primeira base heterogênea na nossa língua, que é exatamente a junção da língua nativa, com a língua portuguesa e também com o dialeto africano”.
Foi assim que o idioma falado em terras tupiniquins começou a se formar. A grandeza territorial trouxe características variadas. “O país é muito grande e isso contribui com uma maior variação linguística. Temos envolvido nisso questões históricas e também questões geográficas, do extremo norte para o extremo sul podemos perceber muita diferença”, comenta o estudioso.
Mas quem pensa que um idioma é rígido, sem mudanças, se engana. “Todas as línguas no mundo inteiro estão em constante mudanças, elas vêm sobretudo para preencher as necessidades das pessoas em suas diferentes épocas”, afirma Edley. Um idioma, mas muitas maneiras de falar se espalhou por nosso imenso Brasil. Cada sotaque, um sabor.
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Ficou com vontade de relembrar os sotaques brasileiros? Então, clique na Região que você quer e aproveite a experiência!
A linguagem é um dos símbolos que representam o nosso país, entretanto, existem outros símbolos e tradições que se formaram ao longo dos anos e hoje são características marcantes do Brasil.
Apesar de cada estado possuir suas características, o país também tem símbolos que são próprios de todo brasileiro
Símbolos Nacionais
Jota Terres
E os outros estados?
Quais são os símbolos e tradições que os representam?
Meu querido Centro-Oeste
Laura Cachaneski
A região centro-oeste é mesclada com vários elementos indígenas e de tradições dos diversos povos paulistas, mineiros, gaúchos, bolivianos e paraguaios que se alocaram na região. Existem muitas manifestações populares típicas da região centro-oeste, como a Procissão do Fogaréu e as Cavalhadas.
A Procissão do Fogaréu acontece em várias cidades da região na época da Páscoa. O evento simboliza a prisão de Jesus Cristo. Já as Cavalhadas são apresentações teatrais ao ar livre que imitam uma batalha medieval. Uma das cavalhadas mais tradicionais da região centro-oeste acontece em Goiás, na cidade de Pirenópolis.
Um outro costume muito comum na região é o cururu, uma dança de origem indígena praticada do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Essa dança é feita para homenagear os santos padroeiros das cidades do interior. A escritora goiana Angelita Faleiro, ressalta que os costumes e o folclore do centro-oeste, são exclusivos daquele Estado. Portanto, a identidade cultural dessa região é tão diversificada por conta dos imigrantes e da mistura de várias culturas que se alocaram na região.
Região Norte de braços abertos
Michael Harteman
A região Norte do Brasil conta com uma enorme diversidade cultural. É composta pelos estados do Acre, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. A miscigenação é composta por imigrantes europeus, africanos e também por pessoas vindas de outras regiões do Brasil. Além disso, a presença marcante de diversas tribos indígenas contribui na formação dos costumes desse povo.
A região conta com várias manifestações culturais realizadas pelas tribos indígenas. Cada evento é marcado com muita pintura e assessórios, que fazem parte das celebrações. Outro evento importante é o Círio de Nazaré, uma das maiores procissões católicas do mundo. De tão grande, o evento chega a reunir dois milhões de romeiros em uma única caminhada de fé, que termina em uma igreja de Belém do Pará, em uma grande missa em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré.
E você já deve ter ouvido falar do Boi Garantido e Boi Caprichoso, dois personagens conhecidos em todo o país. A festa foi introduzida por imigrantes europeus e acontece anualmente no Bumbódromo, um estádio em formato de cabeça de boi com capacidade para 35 mil pessoas. A festa acontece na cidade de Parintins (AM). Com tanta cultura no sangue de seu povo, o povo do Norte é sempre receptivo e pronto para fazer amigos.
Nordeste, pura riqueza!
Evelina Abdyl
Um de nossos maiores símbolos e que caracterizam cada pedacinho do Brasil são as crenças folclóricas, por isso, o que acha de acompanhar algumas dessas histórias?
Quem viu, viu. Quem não viu, não duvide!
Ana Caroline Gonçalves, Evelina Abdyl, Jota Terres, Laura Cachaneski e Michael Harteman

Folclore, lenda, história da carochinha. Chame do que quiser, mas só não diga que não aconteceu. É fato, eles viram, escutaram, vivenciaram. Os contos passam de pai pra filho. No entanto, no meio daqueles que dizem: “Ouvi dizer”, ou, ‘fulano me contou’, tem aqueles que não precisaram de ninguém que os convencesse que a história era verdadeira. Vai dizer pra Jani que não existe pé grande ou para a Rosa que o Homem do Saco jamais passou pela sua rua. Vão dizer que você está louco.
Pé Grande
Quem pensa que o Pé Grande nunca saiu dos Estados Unidos está muito enganado. Ele já passou por aqui. Tem um certo tempo, mas passou. Foi lá em Caraguatatuba (SP), descendo a serra. No meio da mata fechada, tinha uma propriedade do pai da Jani Ana da Silva. É ali que ela morava com os pais. Lá na frente tinha uma porteira. Bem lá na frente mesmo. E nem pense que da porteira você conseguia ver o fundo do terreno. Que nada, tem que andar muito para chegar lá. Mas se chegar, vai ver um belo rio que passava e passa por lá até hoje. E bem no meio do grandioso terreno tem a casa de sapê. “Era uma casa bem grande rodeada por pedras, com janelas de madeira que fechávamos com tramela”, contou pau-sa-da-men-te Jane.
Já faz mais de 40 anos. Jane tinha quatro anos. Cinco, no máximo. Mas ela lembra, e como lembra daquela noite assustadora. Mata fechada, mal dava para ver o céu comumente estrelado. Não naquela noite. Aquela estava bem nublada. O som era o de sempre. Som de mato, de bichos. Tudo estava normal. Estava, mas não ficou. Algo que jamais poderia acontecer, aconteceu. O som da mata foi esquecido quando os passos nas pedras começaram a atormentar os tímpanos dos moradores. “Escutávamos passos em volta de toda a casa, como se alguém pesado estivesse andando, ia dando a volta pela casa toda”, exclama Jani, como quem ainda consegue ouvir a andança atormentadora.
Não era sonho de criança, era um pesadelo real. Os pais acordaram. Todos quietos, com medo. A cada pisada, a angustia aumentava. Não há onomatopeia que possa explicar o que foram aqueles momentos. Jani conta e revive o pesadelo. Um passo, e outro, e mais um, e novamente. Até que, de repente, algo que já estava ruim, piorou. Um estrondo na porta. O silêncio foi brutalmente aniquilado pelos gritos dos moradores. “Após gritarmos, tudo acabou, findaram-se os passos”, rememora. Sobraram os olhares, a cara de espanto e o barulho da mata. No meio da madrugada, obviamente, ninguém abriria a porta.
A coragem para abrir a porta da sala só apareceu na manhã seguinte. “Minha mãe abriu a porta para ver se tinha algo, achamos uma pegada feita de lama, era um pé enorme com apenas dois dedos”, conta Jani. A curiosidade para saber de onde veio o bicho e para onde ele ia, fez com que uma ideia brotasse na cabeça da família. “Pegamos areia do rio e jogamos em volta da casa, no caso dele voltar, ia ficar marcado por onde ele passou”, argumenta. Tudo estava preparado para que finalmente alguém pudesse ter um contato maior com o Pé Grande. Se não fosse por um importante detalhe, talvez o bichão pudesse contar um pouco mais sobre sua visita ao Brasil. “Ele nunca mais apareceu, mas essa história a gente lembra até hoje, a história do pé grande”.
O Homem do Saco
Rosa Ferreira tem 62 anos, mas lembra como se fosse ontem de quando tinha 10. Não dá para esquecer. Ela cresceu na pequena cidade de Morro Agudo, interior de São Paulo. A cidade é bacana, simpática e de povo convidativo. No entanto, foi exatamente nesse período, quando Rosa Ferreira passava por sua infância, que o Homem do Saco resolveu se mudar para a pacata cidade. Claro, deixou de ser pacata. Se era comum as crianças aprontarem as suas peripécias e vez ou outra ignorar as ordens dos pais, deixou de ser. O novo morador não gostava muito de crianças desobedientes. Já entendeu o que tinha dentro do saco?
Pois bem, Rosa vira e mexe respondia para os pais. Sabe-se lá o motivo, os pais dela já sabiam que o Homem do Saco estava por perto. “Se você não obedecer a mãe, ele vai vir te pegar”, exclamava vez ou outra a genitora. Rosa sabia que era verdade, mas pensava: “Minha mãe fala isso direto, mas o tal homem jamais apareceu”. Era o gatilho de pensamento que deixava a menina ainda mais levada. Agora, se engana quem pensa que essa situação perdurou por muito tempo.
Certa vez, Rosa brincava no quintal com uma de suas várias amiguinhas, quando a choradeira começou. Rosa não queria empresar uma de suas bonecas de pano para a pequena colega. “É para deixar sua amiga brincar também, obedece ou o Homem do Saco vem te buscar”, bradou a mãe. “É a centésima vez que ela fala isso”, respondeu em pensamento a filha.
Alguns chatos minutos de emburramento entre as meninas se passaram, até que aconteceu: Vagarosamente surgiu pela calçada o Homem do Saco. Passos lentos. O olhar desconfiado do velhote arregalava os olhos de Rosa. Sem pestanejar, o braço esquerdo da pequena desobediente levava até o peito da pequena colega a amada boneca de pano. Lá se foi o velho com seu saco cheio de crianças. “Foi por pouco”, sussurrou para si própria a pequena Rosa.
Lembrou de algum personagem que você conhece? Descubra, então, qual criatura folclórica mais se assemelha com você!
Gostou do personagem que você tirou? Imagine ter um encontro com ele?! Algumas realmente pessoas tiveram! Veja a seguir:

